terça-feira, 24 de fevereiro de 2009

O PÚLPITO É RESPONSÁVEL

por Dave Welch

Por milhares de anos, profetas, sacerdotes e pastores serviram como voz de prestação de contas espiritual, moral, cultural e governamental diante das leis e soberania de Deus. Os líderes evangélicos durante a era colonial dos Estados Unidos eram conhecidos como o “Regimento Negro” e eram temidos pelos britânicos por seu papel no nascimento do fogo da liberdade. Pastores como Lyman Beecher, Charles Finney e centenas de outros entre seus colegas de ministério provocaram as chamas dos movimentos pela abolição da escravidão, pela proibição de bebidas alcoólicas e bares de prostituição e pela justiça racial.

Poderíamos fazer uma lista de muitos nomes e situações de pastores que assumiram a responsabilidade pela condição de seu rebanho, sua comunidade e sua nação. Contudo, há mais ou menos 100 anos começou um novo “gnosticismo”, uma antiga heresia declarando que só o que é espiritual tem valor e que as todas as coisas físicas são malignas.

O historiador cristão Timothy Paul Jones descreve a distinção que expõe a mentira do gnosticismo: “Como cristãos, a salvação não é um retiro espiritual do mundo físico. É uma renovação que une e restaura ambas as esferas”. Nossa salvação traz esperança de redenção para todos os aspectos da criação física e da ordem criada.

Desde o primeiro século cristão, o mandato cultural dado por Deus para seus administradores em Gênesis foi aceito para significar que tudo na terra está debaixo da soberania de Deus, debaixo de nossa administração e, portanto, “nossa responsabilidade”. À medida que ensinamentos falsos se infiltraram no século passado, a igreja entrou num período em que fez separação entre o sagrado e o secular, uma separação que escancarou a porta para muitos tipos de males.

No livro “The Late, Great Evangelical Church” [A Outrora Grande Igreja Evangélica], de autoria de C. Vaughn Doner, um teólogo nacionalmente renomado, e do especialista bíblico Dr. Jay Grimstead, os autores declaram: “A ausência de credos deliberados no Protestantismo americano… sua ignorância dos ensinos das Escrituras, sua preocupação com o milenialismo, seu preconceito anti-sacramental e anti-eclesiástico são todos indicadores de uma cosmovisão essencialmente gnóstica”.

Isso realmente importa enquanto “pregamos Jesus crucificado e ressurreto”?

Pela graça de Deus, há muitos pastores e teólogos que diriam que o Cristianismo é muito mais do que só pregar a mensagem da salvação, fazer estudos da Bíblia e aguardar o arrebatamento. Entre eles estava o legendário evangelista do primeiro Grande Despertamento, Charles G. Finney, que escreveu no livro “The Decay of Conscience” [A Deterioração da Consciência] em 1873:

Irmãos, nossa pregação produzirá seus frutos legítimos. Se a imoralidade prevalecer na nação, a culpa é em grande parte nossa. Se está havendo uma deterioração da consciência, o púlpito é responsável por isso. Se a imprensa pública não possui discernimento moral, o púlpito é responsável por isso. Se a igreja está depravada e mundana, o púlpito é responsável por isso. Se o mundo está perdendo seu interesse no Cristianismo, o púlpito é responsável por isso. Se Satanás governa nos lugares onde se criam leis, o púlpito é responsável por isso. Se a política se tornou tão corrupta que os próprios fundamentos do governo estão prontos para se desfazer, o púlpito é responsável por isso. Não ignoremos esse fato, meus queridos irmãos, mas meditemos nisso, e sejamos plenamente despertos para a nossa responsabilidade com relação ao estado moral desta nação”.

O nascimento e crescimento de muitos ministérios de reforma social com base em Cristo como Prison Fellowship, Samaritan’s Purse e milhares de outros em décadas recentes é certamente positivo. Esses ministérios têm produzido explosões reais de trabalhos a nível de rua para servir grandes necessidades no nome de Cristo. A maioria dos pastores evangélicos agora aceita a premissa de que devemos cuidar dos sofredores e necessitados tanto na igreja quanto na comunidade — embora dê para fazer muito mais.

Em que estado nos veremos se realmente aceitarmos, dissecarmos e aplicarmos a declaração do Rev. Finney, e medirmos nossa nação nas categorias de:

* A imoralidade prevalecendo no país;
* A deterioração da consciência — mentes reprovadas;
* Falta de discrição moral pública — relativismo moral;
* Igreja depravada (mundana);
* Interesse decrescente no Cristianismo bíblico entre os que estão dentro e fora das igrejas:
* Satanás dominando nas esferas legislativas;
* Políticos corruptos ameaçando os fundamentos do governo.

Estamos doentes, e os púlpitos são em grande parte culpados. Não é com certeza porque temos falta nos púlpitos de grandes homens, personalidades e empreendedores. Qual, então, é a raiz do problema?

Os pastores precisam voltar ao chamado de fazer discípulos e ensinar as pessoas “tudo o que lhes tenho mandado” (Mateus 28:18-20) a frente da igreja como sempre. Pregue a Palavra de Deus direta, em vez de contar estórias temperadas com alguns versículos. Isso esvaziará alguns bancos? Sem dúvida. Isso tornará você mais popular e um ídolo? Muito provavelmente, não. Isso restaurará o poder de Deus à igreja e trará cura ao nosso país? Assim sempre foi.

Estamos num ponto em que milhares de pastores nos Estados Unidos precisam aceitar o desafio e avaliar com sinceridade se estamos aceitando o mandato pleno em todas as áreas mostradas acima e prover a liderança “ofensiva” que a igreja tão desesperadamente precisa. O custo de não agir assim já pode ser medido em vidas estraçalhadas e uma nação fraca.

Nosso Deus requer mais e nosso povo merece o melhor. Por isso, vamos fazer nossa parte!

Traduzido e adaptado por Julio Severo.

Fonte: WND

quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009

CRISE CIVILIZATÓRIA, MUDANÇA DE PARADIGMA CULTURAL E PROJETO NACIONAL

por Geraldo Luís Lino
(Palestra proferida no painel Brasil Soberano e a Expressão Psicossocial, na ADESG-RJ, em 31/07/2000)
Para mim, é um privilégio poder dirigir-me a uma platéia tão seleta, para trocar idéias sobre um tema de tanta relevância para o nosso futuro como cidadãos de um Estado nacional republicano, que pretendemos ver reconstruído e consolidado, a despeito das abrumadoras perspectivas apontadas pela realidade presente. Por isso, agradeço a direção da ADESG-RJ, nas pessoas do prof. Marcos Coimbra e do almirante Sergio Tasso de Aquino, pela oportunidade, que espero ser proveitosa para todos.
A crise brasileira, nos diversos aspectos que têm sido discutidos neste fórum, não pode ser dissociada da crise civilizatória que, hoje, assola todo o mundo, em especial no que se refere à mudança de paradigma cultural responsável por ela, que nos remete ao tema do painel de hoje.
Creio que poucos questionarão a percepção de estarmos envolvidos numa profunda crise da Civilização, uma crise marcada por um processo que podemos qualificar como a "desumanização da Humanidade", com a retirada do ser humano do centro do processo de organização da sociedade e da economia, em favor de entidades abstratas como o "mercado" ou o "meio ambiente", artificialmente dotadas de direito próprio. Para ilustrar essa "desumanização", vejamos alguns exemplos pinçados de manchetes recentes da imprensa brasileira.
Em ’O Globo de 24 de junho, podemos ler: "Lavrador é preso por raspar casca de árvore." A notícia se refere à prisão de um lavrador goiano de 55 anos, analfabeto, que foi mantido encarcerado por sete dias pelo terrível e inafiançável crime de ter sido apanhado em flagrante raspando a casca de uma árvore conhecida como almesca, dentro de uma área de preservação ambiental, para fazer um chá para sua mulher, que tem a Doença de Chagas. Aqui, temos uma demonstração do conceito do biocentrismo, tão caro aos radicais do ambientalismo, que pretende rebaixar o ser humano e seus direitos inalienáveis ao progresso e ao bem-estar, derivados de sua condição de constituído à imagem e semelhança do Criador, ao nível dos demais seres vivos. Lamentavelmente, tal distorção, que está no cerne do movimento ambientalista, está fortalecendo a sua posição nas políticas públicas e nas relações internacionais.
No Jornal do Brasil de 21 de maio, temos esta manchete: "Dinheiro vale mais que bom caráter." Trata-se de uma pesquisa feita entre alunos da Pontifícia Universidade Católica (PUC) do Rio de Janeiro, sobre os valores mais prezados por eles. Entre cerca de 1.000 estudantes que responderam à pesquisa, o dinheiro foi o item mais votado, com quase 400 votos, mais do dobro do segundo colocado, o emprego, e quatro vezes mais que o amor, com apenas 95 votos. O altruísmo recebeu apenas três votos e o patriotismo, apenas um. Os valores materiais em geral receberam quase quatro vezes mais votos que os valores morais. Sendo a PUC-RJ um dos principais centros de formação das elites brasileiras, por aí podemos avaliar o estado de espírito dos nossos futuros líderes.
Mas, a que para mim é a mais emblemática dos nossos tempos é esta manchete da Folha de S. Paulo de 3 de junho: "Mercados comemoram alta do desemprego" - que se refere ao anúncio que o aumento da taxa de desemprego nos EUA implicaria numa retração ainda maior da economia estadunidense. Com isto, a taxa de inflação se manteria baixa e a Reserva Federal (o banco central privado dos EUA) não precisaria aumentar a sua taxa de juros, prejudicando o consumo e novos investimentos. A retórica do "economês" não esconde a evidência de estarmos diante de uma total inversão do processo econômico, no qual o ser humano e o seu bem-estar e progresso passam a subordinar-se aos caprichos do sistema financeiro, e não o oposto. Afinal, etimologicamente, economia significa "organização da casa" - casa de quem? Evidentemente, do homem.
Outro exemplo igualmente chocante é o relatório sobre "Desastres Mundiais de 1999", recentemente divulgado pela Federação Internacional das Sociedades da Cruz Vermelha e do Crescente Vermelho, o qual afirma que a grande maioria das 13 milhões de mortes decorrentes de doenças infecciosas, ocorridas no ano passado, poderiam ter sido evitadas com um investimento de apenas cinco dólares per capita. Ou seja, estamos falando de 65 milhões de dólares, quantia irrisória diante dos dois ou três trilhões de dólares que circulam diariamente nos mercados financeiros especulativos, ou uma reles gorjeta de qualquer um dos múltiplos escândalos financeiros em que o nosso Brasil tem sido pródigo.
Diante dessas e numerosas outras evidências, com as quais deparamos no nosso cotidiano, dificilmente os historiadores do futuro escaparão à conclusão de que o final do século XX foi marcado por uma das maiores crises da História da Humanidade, uma crise que ameaça mergulhar-nos numa nova idade de trevas, que poderá fazer empalidecer a de meados do século XIV, que resultou na Peste Negra e na eliminação de mais de um terço da população da Europa. A diferença é que, naquela época, a Humanidade não dispunha de conhecimento e meios para, por exemplo, deter uma epidemia de peste bubônica como a da Peste Negra. Hoje, ao contrário, pela primeira vez na História, temos condições materiais de solucionar praticamente todos os grandes problemas que têm acompanhado a Humanidade em sua evolução - a fome, as doenças epidêmicas, a pobreza e a miséria. O próprio Banco Mundial, no seu relatório de 1998 sobre o desenvolvimento mundial, admite que com investimentos anuais da ordem de 100 bilhões de dólares, seria possível erradicar a pobreza e a miséria de todo o planeta. Ora, apenas o Brasil irá gastar este ano dois terços desta quantia com o serviço de sua dívida interna e externa - quer dizer, em lugar de combater a pobreza, aplacamos o apetite voraz da usura financeira.
Existem também estudos sérios indicando que em menos de uma geração, seria possível proporcionar a cada habitante do planeta, em uma população maior que a atual - que é da ordem de seis bilhões de pessoas -, um padrão de vida pelo menos igual ao de um cidadão estadunidense de meados da década de 60 - que era bem superior ao atual. Se isto não ocorre, não é pela escassez de recursos naturais, humanos ou financeiros, ou por causa da "fragilidade" do meio ambiente, mas da escassez de vontade política entre os poderes hegemônicos e as classes dominantes na maioria dos países do planeta.
Ainda assim, essa perspectiva otimista era o sentimento que dominava as classes educadas e grande parte das elites dirigentes no período do pós-guerra. Este foi um período de grande otimismo, que alguns autores, como a pesquisadora Carmem Soriano Puig, chamam a "revolução das expectativas crescentes". Este otimismo não se baseava apenas em fatores subjetivos, mas tinha um fundamento real: o período decorrido aproximadamente entre 1950 e 1973 foi o de maior crescimento do PIB per capita mundial em toda a História da Humanidade. Observando-se os dados compilados pelo economista estadunidense Angus Maddison, atualmente na Universidade de Gröningen, na Holanda, considerado uma das maiores autoridades mundiais em estatísticas econômicas históricas, podemos ver que a taxa média anual de crescimento mundial do PIB per capita nesse período foi de 2,9%, mais do triplo dos 0,9% registrados entre 1913 e 1950 - que atravessou duas guerras mundiais e a depressão dos anos 30 - e quase duas vezes e meia os 1,3% registrados desde 1973.
Este desempenho foi em grande parte proporcionado pelo bom funcionamento do sistema monetário de Bretton Woods, estabelecido ao final da II Guerra Mundial e que, apesar das suas imperfeições, propiciou uma base estável de referência para a economia mundial, com taxas de câmbio fixas entre as moedas dos diversos países, que eram fixadas em relação ao dólar dos EUA, que, por sua vez, era fixado em relação ao ouro, o que dava um "lastro" físico para as economias, ao contrário da especulação desenfreada que ocorre hoje em dia. Adiante, veremos que o desmantelamento desse sistema foi uma das causas principais da desordem econômica que enfrentamos agora.
Juntamente com a recuperação econômica da reconstrução do pós-guerra, havia entre a sociedade em geral o que se pode chamar um grande "otimismo tecnológico", ensejado por conquistas da ciência e da tecnologia, como a corrida espacial entre os EUA e a URSS, as perspectivas de utilização pacífica da energia nuclear, a "Revolução Verde" e as conquistas da medicina. Este foi também o período influenciado pelas Décadas de Desenvolvimento das Nações Unidas e pela promulgação da Doutrina Social da Igreja Católica, cujo marco foi a encíclica Populorum Progressio.
Diante disso, é preciso perguntar: como tudo isso foi revertido? Como regredimos de um crescimento recordista e de um quadro de otimismo para um cenário de depressão, para um quadro geral de um grande pessimismo cultural, em que as perspectivas de um futuro melhor se vêem completamente ofuscadas pela desalentadora perspectiva da luta pela mera sobrevivência, em meio a um cotidiano abrumador?
A resposta é: por meio de uma gigantesca operação de "engenharia social", que os seus próprios planejadores chamam uma "mudança de paradigma cultural", artificialmente induzida entre as classes educadas da sociedade de quase todo o mundo a partir de meados da década de 60.
Antes de falar nessa "mudança de paradigma cultural", quero advertir-lhes que, quando tocamos neste assunto, muitas pessoas - algumas desinformadas, outras céticas e outras mal-intencionadas - costumam desqualificar as constatações dele resultantes como frutos de uma crença numa "teoria conspiratória da História".
Bem, isto não é teoria, é a História se desenrolando diante de nós. Embora os historiadores e pesquisadores acadêmicos costumem abordar o assunto com a máxima reserva, com medo do patrulhamento e de parecerem ridículos, o fato é que os grupos hegemônicos, as oligarquias, têm manejado os fios condutores da sociedade desde tempos imemoriais, sem que precisemos acreditar em balelas como a mítica conspiração judaico-maçônica internacional. Mas vejamos um exemplo, referente ao Brasil.
Observem essa declaração da Sra. Adele S. Simmons, presidenta da Fundação MacArthur, que é a quinta maior fundação oligárquica dos EUA. Como se sabe, cada grande família de "sangue azul" nos EUA tem uma fundação, que serve não apenas para fins de evasão de impostos (o banco Chase Manhattan não é da família Rockefeller, mas da Fundação Rockefeller), mas também para finalidades de "engenharia social", por intermédio do financiamento de organizações e indivíduos, inclusive na academia, que desempenhem atividades relevantes para os seus propósitos hegemônicos. Mas vejamos o que disse dona Adele Simmons, numa entrevista às Páginas Amarelas da revista Veja de 10 de julho de 1995:
"Há vinte anos, quando a Fundação Ford decidiu investir em um centro de estudos acadêmicos - o CEBRAP -, idealizado na época por um sociólogo chamado Fernando Henrique Cardoso, a situação política brasileira não era particularmente sólida. Foi feita uma aposta em um grupo que, vinte anos atrás, parecia ter o perfil de uma futura liderança. Deu certo.
"Aqui, cabe perguntar: deu certo para quem? Pois vejamos agora o que disse o nosso presidente numa entrevista à Folha de S. Paulo de 13 de outubro de 1996:
"Indiscutivelmente, o regime está rearticulando o sistema produtivo do Brasil. Portanto, ele está dando possibilidade a que os setores mais avançados do capitalismo tenham prevalência... Nesse sentido, ele é socialmente progressista... Não é das classes médias burocráticas, nem das classes médias que ficaram desligadas desses dois processos - a modernização produtiva e da universalização dos bens sociais. (Por favor, não riam!) Não é dos corporativistas, não é do setor burocrático anterior. Mas também não vou dizer que seja dos excluídos, porque não tem condição de ser. Aspiraria a poder incorporar mais, mas não posso dizer que seja."
Como vêem, o próprio presidente admite que seu Governo privilegia "os setores mais avançados do capitalismo", que são exatamente aqueles que dona Adelia Simmons representa. Aqui, é preciso dizer que isso não significa que o nosso presidente receba diariamente um fax com instruções sobre a maneira de privilegiar esses setores. A coisa é um pouco mais sutil.
Talvez, todos já tenham ouvido falar de uma organização chamada Diálogo Interamericano. O Diálogo foi fundado em 1982, depois da Guerra das Malvinas, como um centro de planejamento estratégico e propaganda política da oligarquia anglo-americana para o Hemisfério Ocidental. Ele reúne cerca de 100 personalidades políticas, acadêmicas, da mídia e de outros setores relevantes, de quase todos os países americanos, inclusive do Brasil.
Eles se reúnem anualmente, para discutir uma agenda de "interesses comuns" aos países do Hemisfério, que, posteriormente, não por coincidência, se transformam em políticas de Governo nos países dos membros do Diálogo. Entre outras: a política neoliberal de abertura econômica desenfreada; a defesa da legalização do uso das drogas entorpecentes; a politização dos problemas do meio ambiente; e a desestabilização das Forças Armadas ibero-americanas, sob o pretexto da sua subordinação ao poder civil.
Entre os membros do Diálogo, encontramos vários personagens que foram ou são chefes de Estado ou candidatos a chefes de Estado. Entre eles, destacamos: Raúl Alfonsín, da Argentina; Julio Sanguinetti, do Uruguai; Gonzalo Sanchez de Lozada, da Bolívia; e o nosso Fernando Henrique Cardoso.
Aliás, Fernando Henrique é membro fundador, levado ao Diálogo por Peter Bell, que é diretor do grupo desde a fundação. Não por coincidência, Peter Bell era o representante da Fundação Ford no Brasil quando a Fundação financiou a criação do CEBRAP. Segundo o falecido professor Florestan Fernandes, foram 700.000 dólares - o que, em 1969, era um bocado de dinheiro.
Entre os membros brasileiros do Diálogo Interamericano, encontramos outras figuras conhecidas, como o Sr. Luiz Inácio Lula da Silva, que está lá desde 1990, e o Sr. Ciro Gomes, que lá esteve entre 1994 e 1998.
Então, temos um quadro interessante no qual, nas últimas eleições presidenciais brasileiras, os três candidatos mais votados eram membros do Diálogo Interamericano. Ou seja, as oligarquias fizeram aqui um jogo triplo, para garantir os seus interesses por todas as pontas. Como vêem, assim caminha a Humanidade.
Vejamos agora como estão estruturados esses "candidatos a donos do mundo". O filho do presidente dos EUA Franklin Roosevelt, Elliott Roosevelt, que foi oficial da Força Aérea na II Guerra Mundial e acompanhou o pai em quase todas as conferências internacionais de que ele participou durante a guerra, escreveu um livro muito interessante, chamado Como meu pai os via, que existe em português. Nele, ele chamava essa gente de os "inimigos do progresso". É o que são: inimigos do progresso humano, adeptos do oligarquismo, que é uma visão do mundo intrinsecamente egoísta, contrária ao republicanismo dos Estados nacionais soberanos.
Quem são eles? São um conglomerado de famílias oligárquicas da Europa - principalmente do Reino Unido - e da América do Norte, reunido em torno da liderança da Casa de Windsor, a família real britânica. Entre eles, eles se autodenominam o "Clube das Ilhas", que é uma denominação formal, que não se encontra na lista telefônica de Londres. O nome é uma homenagem ao rei inglês Eduardo VII, filho da rainha Vitória, que reinou entre 1901 e 1910 e em cujo reinado se consolidou a articulação dos dois principais ramos dessa oligarquia internacional, o britânico e o estadunidense.
Esses grupos oligárquicos atuam por meio de várias instituições de planejamento estratégico e "engenharia social". Mais ou menos hierarquicamente, temos as seguintes:
1) O Grupo Bilderberg, fundado em 1954, cujos encontros anuais reúnem a nata da nata dessa oligarquia internacional - apenas representantes da Europa e da América do Norte. Para que tenham uma idéia do seu poderio, foi numa reunião do grupo, realizada na Suécia em maio de 1973, que foi decidido o aumento de 300% nos preços internacionais do petróleo, cinco meses antes da Guerra dos Seis Dias, que foi o pretexto oficial para o aumento decretado pelos países membros da OPEP.
2) O Instituto Real de Assuntos Internacionais de Londres (RIIA) e sua contraparte americana, o Conselho de Relações Exteriores de Nova York (CFR), que representam as oligarquias britânica e norte-americana, ambos fundados no início da década de 20.
3) A conhecida Comissão Trilateral, fundada em 1973 por iniciativa da família Rockefeller, para atrair para os centros decisórios representantes das elites do Japão, cujo poderio econômico não podia mais ser ignorado pelos planejadores da oligarquia internacional.
4) Num quarto escalão, temos o Diálogo Interamericano, que discutimos há pouco. Esta é praticamente a única organização desse tipo que tem "cucarachos" latino-americanos entre os seus membros. Já vimos alguns deles.
5) Outras organizações relevantes são os chamados think-tanks, como a Rand Corporation; o Instituto Hudson, do gordo Herman Kahn - aquele dos "Grandes Lagos Amazônicos"; o Clube de Roma, criado para difundir a ideologia dos "limites ao crescimento"; o Instituto Tavistock de Londres, que é o principal centro de guerra psicológica e "engenharia social" dessa oligarquia; e as fundações, como a Ford, Rockefeller, MacArthur e outras, cujo papel já discutimos.
Essa oligarquia exerce um controle direto sobre:
1) O Banco da Inglaterra, o Sistema da Reserva Federal dos EUA, que são os dois principais "bancos centrais independentes" do mundo, e o BIS, o Banco de Compensações Internacionais de Basiléia, considerado o "banco central dos bancos centrais". Vale ressaltar que o Banco da Inglaterra e a Reserva Federal são entidades privadas controladas por consórcios de bancos privados; de "Federal", a Reserva só tem mesmo o nome.
2) As principais organizações do sistema das Nações Unidas: o Fundo Monetário Internacional, o Banco Mundial, a Organização Mundial de Comércio, o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente, o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento etc. Este controle é exercido em grande medida pela nomeação de pessoal imbuído dos propósitos dessa oligarquia para os postos-chave das organizações, sejam representantes diretos ou prepostos especialmente treinados.
3) As principais casas bancárias, financeiras e seguradoras da Europa e da América do Norte.
4) Uma série de escritórios jurídicos selecionados.
5) Os grandes cartéis de alimentos, matérias-primas e energia.
6) Os grandes cartéis internacionais de mídia.
7) Alguns conglomerados industriais selecionados.
8) E um instrumento importantíssimo: o aparato internacional das ONGs, cujo papel nessa estratégia hegemônica é cada vez maior.
Finalmente, esses grupos oligárquicos atuam em estreita cooperação com os serviços de inteligência da Inglaterra e dos EUA.
Como foi que esses grupos efetivaram a "mudança de paradigma cultural?” Basicamente, pela implementação de diretrizes políticas que seguiam três linhas de ação:
- a reversão da idéia de progresso como uma "vocação natural" da Humanidade;
- a supressão da idéia do republicanismo, o conceito do Estado nacional como responsável pela promoção do bem-estar e do progresso e de que este objetivo deve ser o cerne da formulação das políticas públicas; e
- a promoção em grande escala do irracionalismo, do individualismo e do hedonismo.Fundamentalmente, as diretrizes elaboradas foram as seguintes:
1) O desmantelamento do sistema de Bretton Woods, que abriu caminho para o que podemos chamar a "financeirização" da economia mundial. Isto ocorreu a partir de 1971, quando alguns "notáveis" da oligarquia conseguiram convencer o presidente dos EUA Richard Nixon a acabar com a paridade entre o dólar e o ouro, o que acabou com as referências monetárias e o "lastro físico" da economia, abrindo caminho para as "taxas de câmbio flutuantes", a desregulamentação do sistema financeiro e a onda de jogatina financeira especulativa que caracteriza hoje a economia mundial. Para que tenham uma idéia, de cada 100 dólares de transações monetárias em todo o mundo, menos de 50 centavos têm relação com o comércio de bens e serviços que configura a economia real. O resto é pura especulação. Apenas em derivativos financeiros, que são os instrumentos especulativos mais delirantes e surrealistas, existem circulando no mundo mais de 300 trilhões de dólares, quando o PIB combinado de todos os países do mundo mal chega a 40 trilhões de dólares. Algo está errado com essa economia, não acham?
Essa é a essência da chamada "globalização", a especulação financeira transformada num fim em si própria, praticamente desvinculada da economia real à qual deveria servir o sistema financeiro. É o cassino financeiro global, de que fala o Prêmio Nobel de Economia francês Maurice Allais. É a supremacia deliberada da especulação sobre a produção. Para reverter este processo, será preciso a convocação de uma "nova conferência de Bretton Woods", como propõe o economista Lyndon LaRouche, apoiado por um número cada vez maior de personalidades internacionais, com a reformulação do atual sistema financeiro e monetário mundial e a sua colocação a serviço de um projeto de reconstrução econômica em escala global, baseado em grandes programas de infra-estrutura, como a Ponte Terrestre Eurasiática, encabeçada pelo Governo da China.
2) A promoção da "sociedade pós-industrial", a falaciosa idéia da supremacia dos serviços sobre a produção física, o mito da "sociedade da informação", da "Terceira Onda" de Alvin Toffler. Atualmente, essa é a essência da chamada "Nova Economia", caracterizada pelas flutuações loucas do índice da "bolsa eletrônica" Nasdaq, que viraram destaque diário dos nossos telejornais. Observem uma manifestação desse irracionalismo econômico, nesta matéria publicada na revista Carta Capital (15/10/97):
"O dinheiro cai do céu. Em tempos de incerteza global, investidores e empresários utilizam cada vez mais os préstimos da astrologia financeira.
"Imaginem só, astrologia financeira! Pobres dos profissionais que perdem tempo estudando os múltiplos fatores relevantes para a economia real. E saibam que sandices como essas não se limitam ao Brasil. Em países como a Alemanha, muitas empresas também contratam astrólogos como "consultores".
Outro exemplo é esta notícia do Jornal do Comércio de 5 de março de 1996, que fala na criação dos "bônus-terremoto" pelo banco Morgan Stanley. "Quem arriscar e comprar um papel com prazo de 10 anos poderá receber o prêmio de volta se, no primeiro período de quatro anos, o terremoto não acontecer." Foram emitidos 2,8 bilhões de dólares dessas coisas. O que é isso? Surrealismo puro! Apostas de cassino! Não tem nada a ver com um processo econômico saudável.
Esses são sintomas de uma economia que perdeu totalmente o contato com a realidade.
3) A promoção da "contracultura", baseada na disseminação do uso das drogas entorpecentes, como o LSD, a maconha e, depois, a cocaína, a heroína e, mais recentemente, o crack; na popularização internacional do rock, que era uma variedade musical pouco expressiva nos EUA; e na chamada "revolução sexual". Juntamente com isto, tivemos uma distorção do conceito de família, que passou a significar a união de quaisquer pessoas, independentemente do sexo. Imaginem, a possibilidade de que uma criança tenha "dois pais", ou "duas mães". Não vejam nisto nenhuma manifestação de intolerância contra homossexuais, mas admitir que dois deles ou delas possam constituir uma família normal é uma violação de algo que anda meio fora de moda, chamado lei natural.
Outra vertente da "contracultura" foi a onda de irracionalismo conhecida como "Nova Era", baseada na exploração do misticismo, principalmente envolvendo religiões orientais.
4) Um elemento cada vez mais importante desse processo é a politização do malthusianismo e de sua variante mais recente, o ambientalismo, que são talvez os principais responsáveis pela disseminação da percepção equivocada de que os benefícios da civilização industrial não podem ser estendidos a todos os povos e países do planeta, devido à "escassez de recursos naturais" e à "fragilidade" do meio ambiente. O ambientalismo se presta a uma série de propósitos antidesenvolvimentistas, sendo o principal deles incutir nas mentes das pessoas desprevenidas a falsa noção de que o progresso da Civilização deve subordinar-se a critérios de "proteção da natureza" definidos muito mais com base em fatores políticos do que científicos. A grande maioria dos chamados "problemas ambientais" que estão justificando a implementação de uma série de ações antidesenvolvimentistas, inclusive tratados internacionais altamente restritivos dos planos de desenvolvimento da maioria dos países, como o chamado "buraco" na camada de ozônio ou o aquecimento global, são fenômenos naturais que ocorrem há milhões de anos sem qualquer interferência humana.
Um exemplo é o chamado aquecimento global, que está sendo manipulado para justificar a adoção da chamada Convenção Quadro de Mudanças Climáticas, que prevê a redução das emissões dos gases provenientes da queima de combustíveis fósseis, até 2010, aos níveis vigentes em 1990. Como os combustíveis fósseis representam três quartos da produção mundial de energia, pode-se imaginar o impacto que essa redução causará nos perfis mundiais de consumo energético e desenvolvimento econômico, que depende fundamentalmente da disponibilidade de energia. Pode-se perceber facilmente que o que se pretende é o que o falecido embaixador João Augusto de Araújo Castro chamava o "congelamento do poder mundial", ou seja, o congelamento dos níveis de desenvolvimento do planeta nos níveis atuais, cujas desigualdade e injustiça social dispensam maiores comentários. Evidentemente, isso não tem nada a ver com a realidade científica, pois já houve muitos períodos do passado geológico da Terra, até recente, dentro da fase de existência da espécie humana, em que a temperatura atmosférica foi mais alta que a atual, sem que a indústria humana tivesse qualquer coisa a ver com isto.
A criação do movimento ambientalista internacional foi um dos mais bem sucedidos resultados desse processo de "engenharia social" das oligarquias transnacionais, que o controla de alto a baixo, por intermédio do aparato internacional das ONGs, que elas próprias financiam e, em muitos casos, criaram.
5) Nenhuma dessas iniciativas teria sido bem sucedida se não fosse pela instituição de uma série de "reformas educacionais", igualmente planejada por aqueles grupos hegemônicos, que resultou no abandono dos currículos de conteúdo clássico e sua substituição por currículos supostamente "profissionalizantes", principalmente no ensino médio. Essas "reformas" foram inicialmente planejadas no âmbito da OCDE, a Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico, foram adotadas nos EUA e daí se espalharam pelo mundo. O resultado final foram sistemas educacionais que nem formavam cidadãos com uma visão ampla da sociedade e do mundo, e nem preparavam profissionais qualificados. E este problema só tende a se agravar se não houver uma retomada dos currículos clássicos, pois como se pode imaginar que, com as rápidas mudanças da base científico-tecnológica da economia que podemos prever para as próximas décadas, como se espera ser possível formar profissionais para profissões que talvez não existam mais daqui a 10 anos, ou que ainda não existem hoje? Um currículo clássico é a única maneira de preparar cidadãos aptos a se beneficiar de um processo de educação permanente, que parece ser a tendência do futuro próximo.
Embora, como eu disse, esse erro tenha sido cometido em quase todo o mundo, a adoção acrítica dessas "reformas" no Brasil, com os chamados acordos MEC-USAID, foi um dos maiores erros dos governos militares, cujas conseqüências estamos pagando ainda hoje.
No ano passado, o Movimento de Solidariedade Ibero-americana publicou um livro chamado A educação clássica para um novo Renascimento, no qual nós propomos um grande debate em torno desses assuntos.
Aqui, vejamos outra evidência de que não estamos discutindo "teorias conspiratórias". Na verdade, essa gente é tão segura de seus propósitos e de sua impunidade que não costuma ocultar as suas intenções. Vejam o que diz o Dr. Alexander King, fundador do Clube de Roma e um dos principais idealizadores das "reformas educacionais", numa entrevista à revista Executive Intelligence Review de 23 de junho de 1981:
"O Clube de Roma se originou de um sentimento de que o crescimento pelo crescimento não era uma boa coisa... O que foi discutido foi a questão da inquietação educacional, a questão da necessidade de profundas reformas educacionais para tornar a juventude mais sintonizada com o que estava acontecendo, mais sintonizada com as realidades da sociedade. As discussões levantaram a questão da destruição ambiental, a questão da alienação do indivíduo, rejeição da autoridade e outros temas do gênero. Tudo isso surgiu ao mesmo tempo... Nós inventamos toda a questão das reformas curriculares, tentando ensinar matemática, química etc., de novas maneiras. Nós éramos o único grupo que começou a ver a educação em termos do seu impacto econômico... A grosso modo, nossa política era a de que deveríamos estar pelo menos cinco anos à frente do pensamento dos Estados nacionais. Entretanto, nunca deveríamos parecer estar mais do que dois anos à frente."
Como vêem, a "conspiração" é aberta, como dizia H.G. Wells.
6) Finalmente, temos o planejamento e a instituição de uma série de estruturas de um "governo mundial", que esses grupos pretendem colocar no lugar dos Estados nacionais soberanos e suas instituições.Entre essas estruturas, destaca-se a iniciativa de criação de uma legislação internacional, em torno de temas de grande impacto psicológico, como o desarmamento e a não-proliferação de armas de destruição em massa, o meio ambiente, a proteção dos "direitos humanos", o combate à corrupção e, mais recentemente, a promoção da "democracia". Todos devem estar cientes, por exemplo, que o ex-ministro da Justiça José Carlos Dias, às vésperas de deixar o ministério, assinou um convênio com a ONG Transparência Internacional para que ela fiscalize a lisura de licitações públicas do Governo brasileiro e das próximas eleições municipais. Ora, essas são funções precípuas de um Estado nacional soberano, que não tem motivos para transferi-las a uma entidade supranacional, não-eleita e que não representa minimamente os interesses da cidadania brasileira. Além disto, se formos ver quem está por trás dela, encontraremos a mesma máfia que está por trás do ambientalismo: a Transparência é ligada às redes do príncipe Philip e o seu pessoal foi recrutado entre ex-funcionários do Banco Mundial e do FMI. Isto não é "teoria conspiratória".
Aliás, a introdução das ONGs como agentes políticos, em substituição às instituições do Estado nacional é uma parte fundamental desse processo. Não nos esqueçamos de que o nosso presidente da República costuma chamar as ONGs de "organizações neogovernamentais", em lugar de "não-governamentais". A "convocação" da Transparência se insere neste contexto. O mesmo acontece com a participação ativa do Movimento Viva Rio na elaboração da nova política de segurança do País, a chamada "segurança cidadã", que alegadamente deve substituir a antiga "segurança nacional", considerada um conceito ultrapassado dos governos militares.
Aqui também se insere a falaciosa sugestão de que o fim da Guerra Fria justificaria um processo amplo de "desmilitarização", de redução dos efetivos das Forças Armadas da maioria dos países, principalmente os subdesenvolvidos. Evidentemente, aí não se incluem as forças da OTAN, que cada vez mais vai assumindo o papel de uma "gendarmeria internacional" automobilizável, que não responde nem mesmo ao Conselho de Segurança da ONU, como vimos na recente guerra contra a Iugoslávia. Ontem, foram a Iugoslávia, o Sudão e o Iraque, que, aliás, continua sendo alvo de contínuos ataques aéreos por parte dos EUA e da Inglaterra. Amanhã, talvez o alvo possamos ser nós, sob um pretexto qualquer - por exemplo, não estarmos protegendo adequadamente a Floresta Amazônica ou minorias indígenas.
Um mito particularmente pernicioso é o do "fim da História", que, sintomaticamente, foi criado por um funcionário do Departamento de Estado dos EUA, Francis Fukuyama (que, aliás, está ficando rico com ele, pois lhe pagam 20.000 dólares por conferência para propagandear essa idiotice). Trata-se da tese de que a chamada democracia liberal seria o ponto final da evolução histórica da Humanidade. Ora, para que alguém admita isto é preciso ser um completo ignorante em História. A História jamais acabará enquanto seus agentes, os seres humanos, continuarem lutando pelo direito ao bem-estar e ao progresso, e ainda estamos muito longe de proporcionar estes direitos a pelo menos uma maioria significativa da Humanidade. Portanto, estamos muito distantes de qualquer "fim da História".
Vamos agora para a parte final dessa nossa conversa, que, aliás, é a mais importante, pois trata do que fazer frente a desse quadro tenebroso.
A maioria das pessoas, quando começa a analisar o atual cenário mundial, desanima da possibilidade de se reverter esse quadro de decomposição civilizatória, pois acha que os "donos do mundo" são muito poderosos para serem enfrentados com sucesso. Esta é uma falsa percepção, pois, por mais poderosos que sejam, eles não podem contrariar as leis universais permanentemente. Isto é o que queria dizer Abraham Lincoln, quando afirmou que "pode-se enganar todos por algum tempo e alguns por todo o tempo, mas não se pode enganar todos por todo o tempo". Assim, a pergunta relevante não é "se" podemos reverter essa crise, mas "como" fazê-lo, ou seja, como reverter a "mudança de paradigma cultural" imposta pelas oligarquias transnacionais. Isto, porque a inevitável derrocada dos inimigos do progresso não implica na vitória automática dos defensores da Civilização; será preciso que estes tenham preparado um plano de ação para colocar em prática na hora certa.
Os chineses, na sua sabedoria multimilenar, qualificam a idéia de "crise" com uma combinação de dois ideogramas: um significa "risco", e o outro, "oportunidade". Portanto, o que temos que fazer é transformar o risco de uma nova idade de trevas na oportunidade de um novo Renascimento, que possibilite uma retomada das expectativas que foram abandonadas anteriormente.
Para concretizar essa oportunidade, será imprescindível a emergência de uma nova elite, consciente e determinada a retomar, promover e implementar aqueles princípios civilizatórios abandonados. E quando falo de elite, não me refiro propriamente aos que têm maior poder econômico ou político, ou mesmo influência intelectual. Hoje, mais do que nunca, o cidadão de elite é aquele cujas preocupações e ações transcendem o seu universo pessoal e familiar, e se dispõe a atuar em prol da comunidade e até da Humanidade. Ou seja, nós teremos que formar essa nova elite. Cada um de nós deve tornar-se um apóstolo, ou melhor, um guerrilheiro em defesa daqueles princípios civilizatórios. Digo guerrilheiro, porque os inimigos do progresso dificilmente podem ser enfrentados frente a frente; para isso, geralmente, é preciso empregar manobras de flanco e ações de guerrilha. Reuniões como essa são exemplos de ações como as que necessitamos para criar a necessária conscientização e, quem sabe, também a determinação.
Talvez, o melhor antídoto para essa derrocada civilizatória que estamos discutindo seja a retomada de um conceito que atualmente anda meio fora de moda, o de um projeto nacional, considerado obsoleto nestes tempos de "globalização". Um projeto nacional é exatamente o que necessitamos para promover e consolidar uma retomada da idéia de progresso e do princípio republicano, e o Brasil é um dos países que tem melhores condições para isto, podendo até mesmo influenciar outros países nesta empreitada.
Um projeto nacional não é uma excrescência ou um exercício acadêmico, como sugerem alguns "globalistas" deslumbrados. Todos os países do mundo que atingiram um nível significativo de desenvolvimento o fizeram com base em projetos nacionais bem definidos e implementados por suas elites dirigentes.
E como se estrutura um projeto nacional? Independentemente dos seus detalhes específicos, um projeto nacional se baseia em três diretrizes fundamentais:
1) Harmonia de interesses entre os setores representativos da sociedade.
2) Igualdade de oportunidades para que todos possam exercer uma verdadeira cidadania.
3) Solidariedade para com os retardatários do processo. Este é um ponto crucial, no qual é fatal qualquer concessão a conceitos falaciosos como o de "excluídos", tão citado pelo nosso presidente para justificar a sua falta de compromisso com o combate à pobreza e à miséria no nosso País.
Nesse esforço em prol da Civilização, vale lembrar que nenhuma contribuição é desimportante. Cada um de nós pode dar uma contribuição relevante, por menor que possa parecer. Eu sempre gosto de recordar uma frase do jurista e escritor inglês Edmund Burke, que dizia que o maior erro foi cometido por aquele que nada fez, pois achava que apenas podia fazer muito pouco. Ninguém pode saber se um de nós poderá aportar a contribuição que irá deflagrar o efeito de "massa crítica" da conscientização necessária.
Antes de encerrar, quero dizer-lhes que nós do Movimento de Solidariedade Ibero-americana temos estado na linha de frente dessa luta pela Civilização há algum tempo, e os convidamos a juntar-se a nós. Temos várias publicações, como um jornal quinzenal e livros, nos quais apresentamos o contexto estratégico global em suas diversas facetas, além de propostas concretas para a superação dessa crise. Eu os convido a conhecê-las e a ajudar-nos nessa luta.
Obrigado a todos.

domingo, 15 de fevereiro de 2009

NOVA ERA

Caríssimos,
Ainda no dia 15 de fevereiro de 2009, estava lendo meus e-mails e um grande professor meu da Faculdade de Teologia me enviou este Texto de João A. de Souza Filho, que se encontrava publicado no Blog do Julio Severo.
Antes de transcrever literalmente o texto, gostaria de parabenizar o seu autor pela clareza com a qual expõe seu raciocínio. Para dizer a verdade, fazia tempo que não via um cristão criticar veementemente certos "lideres" protestantes pela sua conduta com tanta maestria e polidez.
Falando também em Julio Severo, quero deixar empenhado meu apoio a sua ideologia, por se tratar de um cristão sério e compromissado com os valores do Reino de Deus.
Como vocês sabem, nosso blog não se limita a falar de religião, mas tocaremos fortemente sobre assuntos conexos a ela, de modo que não poderíamos ter um blog sobre esse assunto sem ter como fonte inspiradora o trabalho de Julio Severo.
Quero, portanto, deixar a indicação de seu blog para que os nossos leitores também possam aproveitar esse manancial de informação e senso crítico a respeito de coisas simples de nosso cotidiano e que muito tem a ver com a manutenção e defesa dos valores do Reino de Deus.
Aí vai o texto! Grande abraço!

Entramos Numa Nova Era

João A. de Souza Filho
17 de Janeiro de 2009

Pois hoje, enquanto fazia minha caminhada diária e refletia - dei-me conta de que havia saído de uma era e entrado noutra. Primeiramente me dei conta de que saí da era do papel e entrei na era digital - não há mais jornais em meu gabinete - eles desapareceram de nossa casa. E só me dei conta disso quando minha esposa pediu jornais velhos para embrulhar uns copos quebrados e colocá-los na lixeira. É costume nosso embrulhar bem os cacos de vidros para que os coletores de lixo não se machuquem. Mas não havia jornais. É que optei tempos atrás em manter recortes de arquivos digitais. Leio vários jornais e revistas pela Internet. Quer dizer, saí da era do papel e entrei na era da notícia digital sem perceber. Papeis, aqui em casa só os da impressora, guardanapos de boca, o papel higiênico e o papel de cozinha. Nada mais.
A era digital chegou, entrou silenciosamente e foi tomando espaço em nossas vidas. E aí pensei: assim são as eras. Elas não se instalam abruptamente, interpõem-se umas às outras. Como um círculo saindo de outro, como o eclipse lunar, aquele espaço que ainda une os dois é a interposição de uma nova era. Foi assim com a era da lei. A era da graça surgiu ainda dentro da era da lei - se bem que alguns teólogos e não dispensacionalistas discordem da existência de duas eras, a da lei e a da graça - mas, deixa prá lá! Houve uma transição da era do AT para a era do NT - lei e graça - que ocorreu de maneira imperceptível. A graça já operava no Antigo Testamento e a lei ainda operava na era da graça. Acredito que deve ter havido um período de mais de cem anos para que uma era surgisse e a outra desaparecesse, as pessoas vivendo as duas eras. Você deve ter lido na história da igreja da discussão dos discípulos de João, o apóstolo, dos de Paulo se deveriam celebrar a páscoa conforme o calendário judaico ou seguir o calendário romano. Os discípulos de Paulo divergiram dos de João, o apóstolo. A gente lê sobre isso na história da igreja. Anos depois do desaparecimento dos primeiros apóstolos, as eras ainda se encaixavam, uma fazendo sombra à outra.
E fazendo minha caminhada diária - depois dos sessenta tudo que é ruim aparece no corpo humano - percebi que entramos numa nova era. Como queira o leitor, com letra maiúscula ou minúscula, a nova era chegou. Aquilo que os prognosticadores da Nova Era afirmavam de que a Era de Peixes (a de Cristo e do cristianismo) daria lugar à Era de Aquários vem acontecendo de maneira suave e imperceptível. Na realidade não era o início de um novo milênio que haveria de estabelecer o início de uma nova era. Eras não terminam nem chegam abruptamente. Ao se fazer uma leitura dos tempos pode-se concluir que a partir de 1850 a nova era começou a lançar sua tênue sombra sobre a história avançando e conquistando espaço, e o cristão só se dará conta quando a Era de Peixes ficar para trás dando espaço à Era de Aquários. Os cristãos, neste período tiveram que aprender a defender sua fé do humanismo, do positivismo (um ateísmo comunista com um bonito nome) e entraram no século XX inundando as novas nações com o Evangelho de Cristo. Os adeptos da Nova Era indicam fevereiro de 1962 como a transição de uma era a outra. Mas, eles não tem autoridade para tal afirmativa.
Como perceber esta transição? Primeiramente com o surgimento das Nações Unidas no fim da Segunda Grande Guerra. Queiramos ou não admitir, as Nações Unidas impõe paulatinamente sua agenda sobre o comportamento das nações, exigindo, por exemplo, que os governos mudem seu posicionamento quanto a liberdade sexual entre pessoas do mesmo sexo, aborto, divórcio e a adoção de crianças por casais homossexuais. Sob a égide das Nações Unidas Israel se estabeleceu como nação, mas outros povos nem tão minoritários como os curdos vem sendo exterminados sem poderem se organizar como nação. As regras de importação e exportação, educação e política saem da agenda e dos debates do grande prédio embandeirado de Nova Iorque.
Em segundo lugar percebe-se que a Nova Era chegou - agora com letra maiúscula -e as evidências estão dentro da igreja evangélica, especialmente a igreja pentecostal. Isto mesmo, os evangélicos e pentecostais outrora guardiães da fé e da doutrina apostólica são os maiores sinalizadores de que outra era chegou, porque cederam lentamente ao "espírito" que opera por trás desta Era que surgiu. "Espírito" sobre o qual João e Paulo se referiram no passado. A aceitação dos padrões de comportamento sociais tão duramente combatidos no passado é visível na igreja. Termos bíblicos como prostituição, lascívia, mentira, engodo, etc. desapareceram do glossário pentecostal.
Pastores, líderes, bispos e apóstolos passaram a ter "sonhos" políticos de governar a nação; a mensagem de renúncia ao prazeres do mundo deu lugar à mensagem de prosperidade. Os cristãos sonham em ficar ricos. Os pastores esbanjam riquezas e bens materiais. Alguns costumam ir para suas casas de descanso em helicópteros, carros blindados e assistem o mundo em sua grande tela plana, enquanto os milhares de membros nem televisão sequer são permitidos ter, ou são incentivados a não possuir riquezas, como é o caso dos membros de uma das grandes igrejas pentecostais, a Igreja Deus é Amor.
Líderes pentecostais participam de encontros pela unidade, paz e compreensão mundial com políticos ateus, com positivistas, com líderes religiosos budistas, hinduístas, com os líderes da igreja do Rev. Moon, com líderes afros, e firmam acordos de paz e compreensão, e, percebendo ou não, sutilmente abandonam a mensagem do Cristo crucificado e aceitam a mensagem do Jesus universal. Sim, porque o Jesus universal, aquele Jesus carinhoso, bom, que pregou a paz e viveu entre os homens pode ser aceito por todos os segmentos religiosos. Esquecem que a nova religião universal congrega em seu seio todas as religiões do mundo, e esses líderes pentecostais recebem o Papa da igreja de Roma, reverenciam-lhe, reúnem-se com o líder tibetano exilado, etc., negando o Cristo que esses líderes desprezam.
Mas, não apenas isso. A mensagem pentecostal perdeu sua essência, sua agressividade evangelística, seu didaskalós ou doutrina, e seus pastores acolhem em seu seio gente e políticos de todos os tipos e matizes para o diálogo; pessoas que participam de suas reuniões de ceia - antes uma reunião restrita aos membros da congregação - e comungam da mesma "fé". Os pastores televisivos precisam ser politicamente corretos se quiserem continuar a ter espaço na mídia, e as leis de todos os países tem como objetivo hoje suavizar as demandas do discipulado a Cristo.
Quase ao fim da caminhada lembrei-me da posse do Barak Obama como presidente dos Estados Unidos. Enquanto escrevo este artigo ele ainda não tomou posse. Vi a agenda dos pregadores. Tempos atrás o maior pregador do século XX, Billy Graham pregava e orava na posse de presidentes, e era dele a frase, "a Bíblia diz" repetida por pregadores em todo mundo. Hoje, na posse de presidentes e governadores ninguém pode dizer, "a Bíblia diz" com a autoridade de Billy Graham, porque os pregadores mais lúcidos e famosos são os que trabalham pela paz e compreensão das raças e das religiões, e não os que declaram a supremacia da palavra de Deus, o Cristo de Deus e a Bíblia sobre as demais coisas.
Um nova era chegou para ficar e traz pintada de a Era de Aquários, em que a universalidade, direitos e a inclusão são os temas principais que devem ser pregados, ocupando o espaço que era dado ao Cristo, na Era do Cristo crucificado. Sim, porque a Era da cruz, da renúncia, do amor a Deus, da dedicação, da confrontação ao pecado, da vida santa vivida na contramão do sistema, lenta e sutilmente vem desaparecendo até que Aquário domine o cenário mundial. É uma era em que o mundo se reveste de fé, mas não a fé que Jesus espera encontrar em seu regresso.
"Inevitavelmente, virá uma transformação total em toda essa ordem de coisas. A Ciência, a Filosofia, a Arte e a Religião deverão unir-se totalmente à luz da Gnose", aborda um dos sites de Nova Era.
Esta é a era da inclusão religiosa. Inclusão de tudo. Rick Warren fará a oração de posse de Obama, porque ele não representa nem os radicais discípulos de Cristo nem os tantos liberais. Ele está inserido entre os "mornos", os que não tomam posição alguma perante a sociedade. Exatamente os que Jesus condenou na igreja de Laodicéia. A mornidão. Nem frio nem quente. O espírito da Era de Aquários é o de não-comprometimento com esta ou aquela doutrina; o espírito da paz universal; de se viver bem com todos. De não se fazer oposição. Obama escolheu a pastora liberal Sharon E. Watkins para pregar no Culto de Oração Nacional que ocorrerá na Catedral Nacional ao dia seguinte de sua posse à presidência. Junto a ela estará a figura de Ingrid Mattson, a primeira mulher a presidir a Sociedade Islâmica da América do Norte que fará uma oração. Islamismo e protestantismo sem diferenças, abençoando o novo presidente. Alá e Jeová de mãos dadas. Ódio e Amor juntos pela paz mundial.
Billy Graham o homem que dizia "a Bíblia diz" foi substituído, não por outro de sua "espécie", mas por pregadores que não trazem problemas ao novo presidente. O bispo Gene Robinson, que assumiu publicamente sua relação homossexual com outro homem, e pivô da divisão da denominação anglicana, conselheiro de Obama fará a oração de invocação. O evento ocorre por esses dias antes da oração cerimonial de Warren.
A Bíblia sobre a qual Obama faz o juramento, a base de fé da antiga sociedade americana agora é vista apenas como uma tradição da história, e amuleto espiritual.
Citei apenas o que ocorrerá durante a posse de Obama como exemplo de como uma nova era entrou, deixando para trás lentamente a era de Cristo. Sim, porque o Jesus homem, o pregador da paz, o inspirador de livros de autoajuda, o Jesus que vende, o Jesus do Mercado é aceito por todas as religiões, enquanto o Jesus, chamado Cristo, o Salvador da humanidade está sendo deixado de lado, especialmente por grande ala da igreja pentecostal. É de lastimar que a igreja pentecostal esteja ornando a estrada por onde o futuro homem da iniqüidade caminhará e estabelecerá seu governo mundial. Os líderes pentecostais no mundo e no Brasil andam de mãos dadas com os líderes religiosos do mundo. É a paz, a inclusão a nova ordem mundial.
Ver pastores pentecostais sendo fotografados ao lado de pessoas que nada tem de cristãos é evidência de como as duas eras, a de Cristo, o Ungido e a de Aquários ou da Nova Era intrinsecamente se entrelaçam pavimentando a história.
Concluindo, posso afirmar que de maneira lenta e inexorável entramos numa era em que a doutrina apostólica, e a doutrina de Cristo foram maquiadas para poder se encaixar na nova ordem mundial. E os grandes maquiadores temos sido nós, os pentecostais.

PRIVACIDADE

Prezados leitores,
A matéria que eu vou transcrever a seguir foi veiculada na página inicial da UOL no dia 15 de fevereiro de 2009.
Para os que gostam de escatologia (estudo sobre o fim dos tempos, para os leigos), essa notícia parece ser cumprimento de profecias apocalípticas.
Quero, porém, pedir vênia aos meus leitores de me abster de opinar. Gostaria que tirassem suas próprias conclusões a respeito. Aí vai!
"Google: entenda os efeitos da coleta de dados sobre a privacidade na web
Por Guilherme Felitti, editor-assistente do IDG Now!
(Publicada em 12 de fevereiro de 2009 às 07h00, Atualizada em 13 de fevereiro de 2009 às 19h53)
São Paulo – Latitude leva conhecimento do Google sobre usuários ao mundo real. Saiba os efeitos da coleta crescente de dados por uma empresa.
Ele sabe os assuntos sobre os quais você busca informações, com quem você tem amizades, as leituras que mais lhe agradam, os arquivos que estão no seu HD, as rotas que você pega pelas ruas, os acessos do seu site e quais tipos de propaganda você já demonstrou interesse.
Na semana passada, a capacidade do Google em coletar informações sobre você passou da coleta digital para entrar no mundo real, com o Google Latitude, serviço para celulares que indica a posição geográfica do usuário só depois de ser instalado, habilitado e configurado. É a primeira vez que a maior empresa de internet do mundo, líder absoluta tanto em buscas como na verba publicitária decorrente delas, sabe assumidamente onde os usuários cujos gostos e ações online tão bem conhece estão no mundo real.
Aproveitando a barreira física ultrapassada pelo Google no tipo de informação que a empresa tem sobre você, o IDG Now! resolveu traçar o perfil hipotético de um usuário convencional de internet que utiliza todos os serviços possíveis do buscador e, principalmente, que implicações isso pode ter nos dados coletados sobre você. Carro-chefe das operações do Google, a busca coleta um grande número de informações do usuário, seja pela sua própria natureza ou por processos que viabilizam a relação de resultados.
Em seu livro “A Busca”, o pesquisador norte-americano John Battelle chama os buscadores de “banco de dados das intenções”, já que a combinação de termos digitados pelo usuário tentam exprimir qual seu anseio ou sua dúvida no momento. A confidencialidade dos dados é garantida não apenas pelo Google, mas também por outros players que mexem com este tipo de informação, como Yahoo, Microsoft e AOL. Não são apenas os termos procurados, porém, que são guardados. Além do Google, empresas como Yahoo e Microsoft armazenam informações sobre o usuário que fez a busca, como número do IP e cookies para tornar a navegação mais customizada, que depois podem ser compartilhadas com parceiros dos buscadores.
Pelo Maps, o Google sabe não apenas endereços que interessam ao usuário como também os melhores caminhos usados para se chegar lá, como também, pela sua ferramenta de mashups, possíveis pontos de interesse, com classificações e opiniões, que podem ajudar a definir ainda mais seu gosto pessoal.
Ao criar uma conta no Reader, o usuário hipotético tem seu gosto por notícias rastreado seja pelos feeds inscritos como pela análise daqueles que são ou não lidos na página de estatísticas – há, inclusive, uma página com análises. No YouTube, um classificação parecida, mas para vídeos, também vai para as mãos do Google. No Calendar, sua agenda, com programas e compromissos, está disponível dentro do navegador. Para quem se arrisca à publicação de conteúdo, o Analytics dá o panorama da audiência do seu site ou blog, com fontes de tráfego, palavras-chave mais utilizadas e tempo médio gasto pelos seus leitores. Em caso relevante mais para os brasileiros, o Orkut é outro centro de coleta de informações pessoais, das comunidades que o usuário se filia ao grupo de amigos com quem ele troca mensagens ou divide gostos similares ou ao tempo gasto em perfis não adicionados, informação à qual o Google tem acesso.
Há, também, a coleta de dados no hardware do usuário. O Desktop indexa todo o conteúdo disponível no disco rígido para integrar a busca de documentos com a de conteúdos online usando o algoritmo do Google. Aposta mais recente da empresa no desktop, o Chrome foi alvo de críticas por parte dos defensores da privacidade pela tecnologia Omnibox, que mostra sugestões de URLs na barra de endereços do browser antes mesmo do usuário confirmar sua busca - um vídeo do grupo Consumer WatchDog explica as preocupações.
Sob o prisma dos críticos, o Google sabe até o que você pensa em buscar antes mesmo de concretizar os termos escolhidos. Por fim, o Latitude faz a triangulação entre antenas telefônicas para indicar a posição geográfica do usuário e compartilhar com amigos. Qualquer um pode ter um preview superficial do que o Google sabe sobre você dentro do History. Digite sua senha e veja, mapeados em rankings e gráficos, qual a hora do dia em que você mais busca, o termo que você mais procurou, os anúncios ou notícias ou os caminhos que já traçou.
Essa overdose de dados pessoais coletados é, por acaso, algo que consumidores deveriam se preocupar apenas com o Google? Não. Toda empresa de internet destinada a oferecer serviços para usuários, como e-mail online, leitor de notícias, indicações de caminhos, ferramentas de aferição de tráfego e redes sociais passa pelo mesmo impasse da coleta e retenção e dados. A diferença fundamental no caso do Google é que nenhum rival direto (Microsoft ou Yahoo) ou outras empresas com serviços potencialmente rivais (Facebook ou MapQuest para redes sociais e mapas, por exemplo) conta com tantos serviços que coletam informações tão variadas sobre o usuário que o buscador.
A constante pressão de grupos de privacidade eletrônica, encabeçados pela Electronic Frontier Foundation (EFF), fez com que o Google formulasse uma divisão responsável por responder às críticas de privacidade mais atuante que os semelhantes no Yahoo e na Microsoft, com direito a vídeos explicando questões alvo de críticas. Ainda assim, a sombra do crescente poder adquirido pelo Google pelo acúmulo de informações pessoais sobre seus usuários fez com que a companhia saísse do ranking elaborado pelo Ponemon Institute com as empresas mais confiáveis dos Estados Unidos.
Em 2008, o Google deixou a décima posição e não aparece mais entre as 20 companhias que merecem a confiança dos consumidores. A Microsoft também não aparece entre os primeiros, mas, segundo o instituto, melhorou sua posição em relação ao ano anterior. A American Express manteve a ponta nos dois anos.
As tensas relações entre a riqueza de dados coletados e os potenciais interesses de governos nas informações parece não ajudar muito na dissipação do medo entre os consumidores, ainda que o Google sempre tenha levado às cortes a política alardeada de lutar pela privacidade dos usuários. Nos Estados Unidos, o caso mais emblemático foi a vitória do Google na Justiça no começo de 2006 de um pedido do governo norte-americano dos buscadores entregarem dados relativos a buscas sobre sexo em determinado período. Yahoo, Microsoft e AOL concordaram. O Google levou o assunto aos tribunais e ganhou.
Nos casos em que perdeu na Justiça, como no encerramento da batalha legal entre o buscador e o Ministério Público Federal por criminosos no Orkut, o Google afirma ter cedido em situações que envolvem crimes. Os perigos de privacidade envolvendo não apenas o Google, mas qualquer outro serviço que colhe informações digitais de seus usuários, cai inevitavelmente em uma discussão mais ampla: o limite entre o respeitável e o invasivo demais para a publicidade eletrônica. A quantidade de informações colhidas é um prato cheio para que, teoricamente, anunciantes tenham uma ideia mais próxima à realidade dos consumidores que pretendem atingir e, consequentemente, façam campanhas mais focadas.
O Facebook aprendeu a lição da maneira mais amarga: na ânsia de monetizar a rede social, o programa Beacon foi lançado ao mercado em novembro de 2007 sem deixar claro que usuários ou não da rede social seriam “monitorados” para alimentar os perfis. O exagero empregado na coleta de dados forçou o Facebook a tirar a plataforma do ar para ajustes e ainda rendeu processos por invasão de privacidade à rede social. Nos últimos anos, o Google tem apanhado (com razão, em alguns casos) de grupos de defesa da privacidade em questões como o tempo dos cookies armazenados nos PCs dos usuários ou os termos originais exageradamente opressores do Chrome.
No que diz respeito à manutenção de dados que colhe diariamente dos seus milhões de usuários em suas dezenas de produtos, o buscador tem transparecido comprometimento com a manutenção do sigilo, principalmente na relação com governos.
Resta saber o quanto durará o comprometimento. Como o próprio Battelle resume para o IDG Now! de maneira exageradamente cética: “Nem toda empresa continua pura para sempre.”
É meus caros, a coisa não é fácil. Tomem muito cuidado com o que colocam na internet a seu respeito.
Grande abraço.

quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009

EVOLUÇÃO COLETIVA DA HUMANIDADE

por Rodrigo Barros
Caríssimos leitores do meu blog,
Para inaugurar as postagens desse blog, estava eu a pensar num tema que viesse verdadeiramente demonstrar a essência do objetivo que temos com nossas publicações.
Ocupado eu que estava com os afazeres dos primeiros dias de vida do meu filho (incluindo trocar o dia pela noite), não enxergava nada que pudesse ser tão impactante.
Todavia, na manhã de hoje, estava nas últimas páginas de leitura de um livro que resolvi, ainda que de maneira pretenciosa, ler nas minhas férias do trabalho.
Qual não foi minha surpresa, o tema caiu nos meus braços.
Embora seja eu protestante no campo da fé, sou um pesquisador nato e não me conformo com conceitos pré-estabelecidos. Detesto raciocínios que você compra como se fosse um sonho velho de padaria, onde já pousaram diversas moscas por sobre ele.
Já fiz parte de uma grande igreja neopentecostal brasileira, inclusive trabalhando ativamente como "obreiro". Aliás o meu batismo se deu lá. O tempo em que fiquei nessa igreja foi muito importante para o meu crescimento espiritual.
Agora você me pergunta: foi importante pra você por causa das mensagens edificantes que lá se ouviam? Em parte sim, mas na sua maioria não. As grandes bobagens que lá eu escutava me fizeram pesquisar, desmentindo dentro de mim certas "verdades" ali lançadas.
Cansado de pesquisar sem uma linha fixa, resolvi ingressar num seminário teológico aqui em São Paulo.
Só um parêntese: não vou mencionar o nome de qualquer instituição aqui no meu blog. Quem me conhece sabe; quem não me conhece certamente desconfiará quais são as instituições as quais menciono.
Muito bem! Cursei teologia durante um ano e meio e quando minha mulher soube que estava grávida tive que trancar o curso, afinal já sou formado em Direito e não tenho pressa na conclusão desse segundo curso.
No entanto, o tempo em que cursei teologia foi suficiente para que eu chegasse a uma simples conclusão: as igrejas cristãs, na sua maioria, não estão preocupadas com a evolução coletiva da humanidade, mas tão somente em impregnar os seus súditos com doutrinas fajutas e contrárias ao operar do Espírito Santo.
O que pude perceber nesses quatro anos de caminhada com Jesus, é que as igrejas cristãs, repita-se, na sua maioria e não na totalidade, estão preocupadas na prestação de serviços religiosos com o fim único de resolver os problemas individuais dos seus seguidores, e por que não contratantes de seus serviços.
Essa conduta além de banalizar totalmente os dons do Espírito Santo, o que já seria suficiente para o cidadão jamais voltar a por os pés lá, ainda aflora mais o individualismo das pessoas que já vivem numa sociedade onde os valores coletivos estão em baixa. Em outras palavras, passam a procurar a Deus pelo que ele pode oferecer e não pelo que ele é.
Lembro-me das passagens dos evangelhos quando Jesus instituiu o novo mandamento: amar ao próximo como a nós mesmos e a Deus sobre todas as coisas.
Tais condutas desses verdadeiros roubadores do sentido da fé ferem esses dois princípios constitucionais do Reino de Deus.
Primeiro porque o próximo fica relegado ao segundo plano. Vamos às nossas igrejas para comprar o antídoto de nossos problemas, transformando aquilo que deveria ser uma congregação, que dá o sentido de integração, num verdadeiro "cada um por si". É sempre bom ressaltar, outrossim, que os problemas que temos nas nossas vidas são, na sua maioria, falta de habilidade de lidar com as coisas, falta de maturidade, etc., ocasionados pela nossa própria conduta, de modo que nem Deus nem o Diabo têm culpa da nossa falta de maturidade.
Em segundo, porque Deus fica sem o sentido da criação. Fomos criados para um relacionamento de amor, um caminhar com o Altíssimo. Ora, se temos uma relação de interesse com Deus, porque nos aliamos a Ele por causa de nossas necessidades, então não temos um caso de amor com Ele, mas sim, uma relação de barganha. Isso é se relacionar com amor? Amor não seria a firme presença de Deus em nossas batalhas diárias, ao invés de simplesmente nos livrar dos percalços do dia-a-dia, transformando-nos em "mimadinhos"?
E a batalha espiritual, a luta do bem contra o mal que eles querem colocar guela abaixo dos crentes? Tudo é culpa do Diabo e seus asseclas! Todo mundo é santo, mas o Diabo retira a nossa santidade! Ora bolas, quanta besteira! Isso pode ser encarado como uma meia verdade. Nem sempre o Diabo tem culpa.
Se Jesus instituiu esse mandamento é porque queria integração entre os irmãos. Fazer com que aquele que tem mais condições físicas e espirituais ajude os caídos e restaure as feridas, independentemente de raça, credo, etnia, origem social e demais fatores. Ele deixou conosco a capacidade de fazer as mesmas coisas que ele, ou até maiores.
Mas quais as mensagens que saem do púlpito? Espíritas, hinduístas, budistas, católicos, gnósticos, etc. são do Diabo e devemos lutar contra estas forças, amando as pessoas, mas destruindo a sua cultura. Jesus faria assim? Jesus destruiria o livre arbítrio das pessoas? Não! Foi por isso que se tornou um divisor de águas na humanidade e hoje responde por nada menos que um terço da população mundial o seguindo.
Tal estatística só não é maior porque nas outras religiões e governos existem também pessoas ignorantes e proselitistas que impedem que todas as informações cheguem ao conhecimento de seus concidadãos, dando-lhes liberdade de escolha. Jesus é a escolha da liberdade e não da imposição. Tanto assim que Ele mesmo disse que o conhecimento da verdade é libertador.
E o que os cristãos têm feito? Salvo raríssimos abnegados, temos assinado um atestado de narcolepsia, de letargia, de insignificância, de inação. Não temos feito a diferença! Não temos dado o bom testemunho.
Os representantes dos cristãos, embora sejam esmagadora minoria, mas que soa como maioria em decorrência da ampla divulgação que é dada pelos meios de comunicação, estão envolvidos em escândalos financeiros, sexuais, políticos etc., fazendo com quem ninguém mais se interesse "sponte sua" pelos valores cristãos, de modo que a humanidade cresce pautada pelo valores do Big Brother Brasil, da novela das oito, do Faustão, do Superpop, do TV Fama, dos canais privados da televisão a cabo, etc., que tanto imbecilizam e retiram das pessoas o senso crítico.
Temos que parar de lutar contra as trevas. Eles estão fazendo esse serviço bem feitinho há milênios. Não somos mais experientes que eles nesse ofício. Então o que fazer? Quando eu passo a viver os valores do Reino e ser bom testemunho de Deus na terra, eu alcanço a minha luz interior que é projetada sobre aqueles que convivem comigo. Milhões de pessoas entendendo isso formam ilhas de luz que são a pura manifestação do Espírito Santo. O alcance da luz interior é a verdadeira porta aberta para a saída das trevas. Utópico? Nem tanto!
Sendo assim, devemos crescer enquanto sociedade, enquanto civilização, criando nossos filhos com os valores do Reino, de fazer a diferença para si e para o próximo, desde não jogar um papel na rua até decisões importantes que afetam os direitos das pessoas.
Para concluir, transcrevo abaixo o texto que li na manhã de hoje e que me inspirou a escrever esta mensagem que já se alongou muito além daquilo que eu desejava.
"Não há outro caminho: uma verdadeira evolução coletiva da humanidade não pode ser feita por meio do hipnotismo em massa nem da súbita elevação espiritual das massas através de revelações coletivas. Não; antes é preciso que haja libertação individual... Liberdade, força independente e fantasia são as três qualidades ou aspectos que se fortalecem mutuamente; que formam o cerne indissolúvel da existência humana. Temos a escolha: podemos renunciar e enterrar essas três marcas do ser e continuarmos vivendo como modelo mecânicos do homem, o que levará à destruição de nosso mundo e à escravização do planeta; ou podemos ter coragem e nos dedicar com todo o coração a construir uma sociedade a partir do que verdadeiramente somos" (Rappoport, p. 283, 291).
A cada postagem desenvolveremos as temáticas aqui colocadas e outras sugeridas por eventuais colaboradores.
Grande abraço e tenham um bom dia.

sexta-feira, 6 de fevereiro de 2009

Em construção!

Prezados leitores,
Este blog foi inaugurado em 06 de fevereiro de 2009. Estou preparando várias postagens para serem aqui colocadas. Sei que estão avidos por isso, de modo que serei sensível à vossa expectativa.
Um grande abraço
Rodrigo Barros