quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

COMENTÁRIO: Uma Dose de Lucidez no Episódio de Combate ao Tráfico no Rio de Janeiro

Preclaros leitores,

Ainda não havíamos escrito nada sobre a invasão dos morros do Rio de Janeiro pela polícia e pelas forças federais. Mas qual o motivo? Inércia nossa? De modo algum! Nosso blog não se omite dos assuntos relevantes do Brasil e do Mundo. Tínhamos uma razão clara para isso: sensacionalismo!

Uma coisa que você jamais verá no "Voz" é qualquer tipo de ufanismo sobre qualquer tipo de assunto. Você verá que nós somos os primeiros a calar quando todos estão falando, mas seremos os únicos a falar quando todos estiverem calados.

Nós não temos vocação para o sensacionalismo barato, porque o nosso espaço é independente e não precisa rezar na cartilha de nenhuma força ou organização, até porque nossa informação é gratuita, não é vendida!

Esse texto do João Ubaldo Ribeiro, cuja maestria na exposição da idéia me fez sentir um analfabeto diplomado, reflete exatamente nossa opinião sobre o assunto.

O tráfico de drogas no mundo é alimentado por aqueles que consomem a droga: a sociedade! A mesma sociedade que cobra ações enérgicas da polícia contra o tráfico. Hipocrisia na sua máxima faceta!

Aliás, que mal lhes pergunte: por onde fugiram os principais chefões do tráfico do Rio de Janeiro? Por onde eles vazaram? Vazamento lembra água, e água lembra cano.

A "Veja" desta semana faz uma importante indagação: porque não puseram grades nos dutos de escoamento das águas pluviais construidos pelo PAC do governo? Estima-se que nesses dutos caberia uma pessoa de mais de 1,70m passando de pé. Eles desembocariam num outro conjunto de favelas vizinho ao Alemão. Fuga na certa.

O problema está nos dutos então? Claro que não? Se a inteligência da polícia e das forças já sabia disso, será que não existia nenhuma patrulha nas saídas desses dutos? Ou será que, tendo as patrulhas, elas foram corrompidas deixando que os vagabundos se esvaíssem como água? O secretário Beltrame admitiu abertamente a possibilidade de isso ter acontecido.

E quanto às apreensões: toneladas e toneladas de maconha. E o ouro branco? Pó que é bom e caro eles só apreenderam 250 quilos, que é mais ou menos um mês de consumo da droga no Rio. A maconha só entrou pra fazer volume, mas, como sabemos, perto da coca não vale nada.

E a apreensão de armas? Pilhéria! Só se via armas velhas e obsoletas deixadas para trás. Falaram da apreensão de uma bazuca: esta tinha mais ferrugem do que o Opala 72 do meu tio.

Isso sem falar que não houve qualquer reação, qualquer confronto por parte dos desgraçados dos traficantes que, dias antes da invasão, brandiam suas armas a torto e à direita, ao ar livre, à luz do dia.

Para dar ares de maior seriedade para a incursão da polícia, a imprensa fez cobertura completa da ação, em verdadeiro Tropa de Elite III, versão ao vivo, aproveitando o sucesso do maravilhoso filme nacional.

Depois da pirotecnia e de todos esses fatores unidos descendo a patamares mais palatáveis, vamos a uma salutar dose de lucidez: toda esta ação foi bem menor do que aquela que foi pintada pela imprensa e pelas autoridades. Para uma primeira vez está bom, mas terá que melhorar muito para invadir a Mangueira, o Vidigal e a Rocinha.

Toda essa ação, apesar de muitos erros e de certos episódios de corrupção, acabou sendo positiva para a população, que passou a ter segurança perto de casa e a presença de alguns serviços que o Estado não podia lá prestar por causa do domínio do tráfico.

Todavia, sem a instalação das Unidades de Polícia Pacificadora, bem como de serviços essenciais a um bairro urbano normal, essa incursão não passará de uma peça cinematográfica bem estanque da realidade.

Um efusivo e cordial abraço

A Voz da Consciência

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