sábado, 29 de janeiro de 2011

ANIVERSÁRIO DE SANTOS: MEMÓRIAS DA MANHATTAN BRASILEIRA

Preclaros leitores,

No último dia 26 de janeiro, a cidade de Santos, no litoral de São Paulo, completou 465 anos de existência. Embora eu esteja falando da Capital Paulista, onde se encontram os escritórios de nossa organização, tenho um apreço muito grande pela cidade, uma vez que, numa manhã de sexta-feira, do mês de maio, no extinto Hospital dos Estivadores, lá nascia eu.

Eu e ela tivemos um relacionamento de pouco mais de 22 anos, quando então radiquei-me na Capital, sem data definida de retorno.

Nesta semana que se finda hoje, em homenagem à minha terra natal, passei algum tempo a pensar nas coisas maravilhosas que lá vivi.

Lembrei-me da bem vivida infância na praia do Boqueirão, em frente ao posto 5, onde desemboca a Rua Oswaldo Cruz, quando meus pais, eu e meus dois irmãos construíamos nossos sonhos com pás de brinquedo, água do mar e muita areia.

Estudávamos, os três, na Escola Estadual de Primeiro Grau Dr. Ruy Ribeiro Couto, na Rua Voluntários Santistas, onde me recordo sempre das professoras Lucila, Wilma, Rosely, Lourdes, Regina, Maristela e Antonia, que formaram muitos dos meus sustentáculos intelectuais.

De férias, sempre passava com meus avós paternos na Avenida Epitácio Pessoa, atrás da Igreja do Embaré, quando eu e meu finado avô Gilberto fazíamos longas caminhadas até o Orquidário de Santos, no José Menino. Minha avó Carminha ficava em casa preparando o almoço e algumas gulosemas para a tarde. Saudosíssimas recordações!

Com meus amigos de meninice, jogávamos taco na Rua Don Lara, andávamos de bicicleta no Super Centro Comercial do Boqueirão, que é o primeiro shopping da América Latina. Não podemos deixar de apontar a nossa sempre sagrada pelada, que não era só aos finais de semana: às quartas-feiras também jogávamos. No final do jogo sempre íamos tomar uma "Baré" no extinto Bar América, geladassa, servida pelo Cacau.

Não contentes com a praia, ainda tínhamos uma quadra particular, porque um amigo nosso era dono de uma escola na Rua Lobo Viana, que tinha uma quadra privativa para nós aos finais de semana e nas férias.

Nas tradicionais caminhadas na praia não podia faltar o tradicional chá mate do seu Paraná. Ele era um senhorzinho de não sei quantos mil anos que corria em maratonas e, quando não estava correndo, vendia mate gelado para a praia do Canal 3 todinha - mas sem chorinho! Quem é de Santos sabe disso!

Nunca me destaquei muito nos esportes, mas lembro que adorava jogar basquete no parque do Rebouças na Ponta da Praia.

Nunca fui muito de balada, mas, já maiorzinho, costumava frequentar as matineés da Zoom e da Lofty aos domingos.

Com o aparecimento da vida noturna, tínhamos várias opções: a Planet Z e o Moby Dick, na Avenida Vicente de Carvalho, e  a Reggae Night, no Morro da Nova Cintra, além de outros pontos de encontro maravilhosos da cidade como os clubes da orla da praia, especificamente no carnaval.

Por falar nos clubes, lamentavelmente o Regatas Santista, o Saldanha, o Vasco da Gama, o Clube XV, o Caiçara e o Atlético Santista foram recentemente extintos, tendo sobrado somente o Internacional de Regatas, o Sírio-Libanês e o imponente Santos Futebol Clube.

E por falar em Santos Futebol Clube, nasci com defeito de fabricação: não sou santista! Mas já fui a mais jogos do alvinegro, do que do meu glorioso São Paulo FC. Aliás, nos dois jogos que fui do SPFC um deles foi contra o Santos, a diferença é que foi no Morumbi...terrível!

Na cidade também fiz meu primeiro curso universitário: Direito, na Universidade Santa Cecília, 1ª Turma.

Foi nos bancos desta universidade que conheci meu grande amigo e irmão Marcel Stivaletti. Posso dizer que não existe outro santista como ele. Nem eu sou tanto! Esse é de corpo e alma. Esse é bravo guerreiro soldado da armada santista. Esse daria o sangue pela sua patriazinha. Para falar mal de Santos, e por que não "do Santos", com ele é um grande embaraço. O interlocutor tem que ter bastante embasamento, senão enfrenta chumbo grosso, sem perder a elegância, é claro! Assim, não podia falar de Santos, sem falar daquele que detém a chave moral desta magnifica cidade. Parabéns a você também Marcel!

Além da desnecessária referência à importância histórica da cidade, hoje Santos vem despontando no cenário nacional, pela maior importância do porto para a economia do país, além do estreitamento de sua distância com a Capital por meio da Rodovia dos Imigrantes, que vem injetando muitos recursos na economia local, ao ponto de ser considerada pela Revista Veja como a Manhattan Brasileira.

Quantas e quantas lembranças tenho da minha terrinha querida! Quanto orgulho tenho eu de ter nascido nos seus domínios. Ela ainda preserva a placidez de uma cidadezinha caiçara, mas tem a bagagem e a pujança de uma verdadeira Capital.

Parabéns Santos! A ti devo a base de tudo quanto sou!

Rodrigo Barros

sábado, 22 de janeiro de 2011

VIDEOGALERIA: UM ATO DE LIBERDADE - A História dos Irmãos Bielsky

Jornalista Jaime Spitzcovsky
publicado na Revista Judaica Morashá

Quando se pensa em esforços para salvar judeus da barbárie nazista ou em resistência armada à máquina mortífera de Adolf Hitler, momentos de heroísmo como a lista de Oskar Schindler ou o levante do Gueto de Varsóvia costumam ocupar lugar de destaque. Mas existe um capítulo da II Guerra Mundial menos conhecido, responsável por salvar mais de 1,2 mil judeus, entre homens, mulheres e crianças. Além de ter sido uma iniciativa que impôs pesados ataques contra os nazistas e seus colaboradores. Um grupo de partisans liderados pelos irmãos Bielski se escondeu durante anos nas florestas da Bielorrússia e, em meio aos horrores da guerra, montou uma vila organizada como uma comunidade judaica, com sinagoga, escola, teatro e enfermaria.

Os "judeus da floresta" protagonizaram uma das mais impressionantes histórias da resistência. Em junho de 1941, os nazistas invadiram a União Soviética, na "Operação Barbarossa". Poucos meses depois, a perseguição aos judeus se intensificava com a instalação de guetos nas regiões ocupadas, como ocorreu na localidade de Novogrudek. Lá, em dezembro daquele ano, foram mortos os pais e outros parentes dos irmãos Tuvia, Asael e Zus Bielski. Após a matança, eles decidiram fugir para a floresta, a fim de organizar um grupo armado e acabaram liderando um dos mais impressionantes episódios do movimento partisan, a guerrilha antinazista que atuou principalmente na Europa oriental. Décadas após o final da guerra, o escritor norte-americano Peter Duffy navegava pela Internet quando notou uma referência a "judeus da floresta". A expressão capturou sua curiosidade e ele mergulhou numa pesquisa que resultou no livro "The Bielski Brothers: The True Story of Three Men who Defied the Nazis, Saved 1,200 Jews and Built a Village in the Forest" (Os Irmãos Bielski: A História Real de Três Homens que Desafiaram os Nazistas, Salvaram 1,2 mil Judeus e Construíram uma Aldeia na Floresta). Lançado em 2003 e, no ano seguinte, editado no Brasil pela Companhia das Letras, a obra busca resgatar uma história ainda pouco conhecida, se levada em conta a sua relevância.

Duffy recorreu a entrevistas com sobreviventes da guerra, com "judeus da floresta" e descendentes dos irmãos que lideraram a aldeia que fortificou a resistência em terras bielorrussas. Recortes de jornais, documentos e cartas da época também ajudaram-no a montar o mosaico. Em outra iniciativa para documentar a saga da resistência, a socióloga sobrevivente do Holocausto, Nechama Tec publicou o livro "Defiance: The Bielski Partisans" (Desafio: Os Partisans Bielski). Os dois trabalhos naturalmente dedicam atenção especial a Tuvia Bielski que, com mão-de-ferro, comandava a comunidade. Veterano do exército polonês, onde serviu em 1928, ele aplicou as táticas aprendidas em seu serviço militar na luta contra os nazistas e seus colaboradores. A personalidade forte ajudou a construir a liderança entre seus subordinados. Sua cabeça esteve a prêmio, com uma oferta das forças de ocupação de milhares de reichmarks pela captura.

Quando fugiram para a floresta da região de Naliboki, os três irmãos foram acompanhados por 13 pessoas que escaparam do gueto de Novogrudek. Passaram então, pessoalmente ou com a ajuda de emissários, a circular uma mensagem entre judeus escondidos ou presos pelos nazistas: salvem-se, juntando-se a nós na floresta. Rapidamente, a comunidade reunia mais de 100 integrantes. Uma aldeia surgia em meio às árvores. A vida comunitária florescia com a sinagoga, o teatro. Enfermaria, escola, sapataria, barbearia, padaria foram improvisadas para permitir a sobrevivência. Uma disciplina férrea organizava o dia-a-dia, e os partisans se dividiam nos ataques aos nazistas e a seus colaboradores e também na permanente sentinela. Várias vezes os "judeus da floresta" foram alvos de ofensivas inimigas e tiveram de se deslocar, buscando locais mais protegidos da ameaça da ocupação.

Os comandados de Tuvia Bielski estabeleceram contatos e colaboração com os partisans soviéticos. Ataques e ações de sabotagem contra os nazistas e seus colaboradores deixaram marcas profundas naquela região da Bielorrússia.

O trabalho de Peter Duffy descreve em detalhes o sofrimento imposto pela barbárie nazista e narra os momentos de extrema violência produzidos pela realidade da guerra. O livro também é rico em descrições sobre o cotidiano dos "judeus da floresta", sobre seus esforços pela sobrevivência e para manter intacta sua identidade cultural e religiosa, em meio a um ambiente de massacres e de sangrentos conflitos entre os grupos, militares e civis, envolvidos no drama da Segunda Guerra Mundial. Os partisans soviéticos tentaram em diversas ocasiões absorver a unidade chefiada pelos irmãos Bielski. No entanto, essas tentativas foram rechaçadas, embora ao mesmo tempo se buscasse manter boas relações com as forças de resistência apoiadas pelo Kremlin. O comandante Tuvia acreditava que sua missão não consistia apenas numa operação militar, mas também num esforço para salvar judeus não-combatentes.

Em 1943, os nazistas protagonizaram uma violenta ofensiva contra os partisans na região da floresta de Naliboki. O comandante soviético exortou Tuvia a dividir sua comunidade entre guerrilheiros e civis, para que os não-combatentes "não fossem um fardo". O líder judeu sabia que essa opção implicaria abandonar uma parte do grupo e, por conta disso, se recusou a seguir a ordem. Preferiu mudar a aldeia de lugar, levando-a para uma posição mais protegida em meio à floresta bielorrussa. A situação começou a melhorar em 1944, devido à contra-ofensiva soviética que levaria ao triunfo contra os nazistas, no ano seguinte, em Berlim. O Exército Vermelho, em sua marcha rumo à Alemanha, conseguiu liberar áreas da Bielorrússia, o que permitiu aos "judeus da floresta" emergirem de seu esconderijo. Sob o comando dos irmãos Bielski, 1.230 homens, mulheres e crianças, que se espalhavam por uma fila com cerca de um quilômetro de extensão, caminharam de volta às ruínas da pequena cidade de Novogrudek. Asael Bielski morreu durante a batalha de Königsberg, em 1944, servindo no Exército Vermelho. Tuvia e Zus trabalharam para autoridades soviéticas por um breve período e, em 1945, emigraram, com suas famílias, para Israel. Lutaram na Guerra da Independência, em 1948, e, em meados dos anos 1950, decidiram mudar para os Estados Unidos. O motivo: Tuvia viajou em busca de outras formas de assistência médica para uma úlcera no estômago, que provocava uma rápida deterioração em sua saúde.

Os irmãos e seus familiares se instalaram no bairro do Brooklyn, em Nova York. Tuvia trabalhou, por exemplo, como motorista de caminhão, e Zus teve uma companhia de táxi. Em 1987, o personagem principal da história dos "judeus da floresta", Tuvia, morreu, aos 81 anos de idade. Em 1988, seu corpo foi levado a Israel, para ser enterrado, com direito a honras militares, num cemitério na região de Jerusalém. Zus faleceu em 1995, em solo americano, assim como o irmão mais velho. Nos anos seguintes, a saga dos "judeus da floresta" passou a ser resgatada por iniciativas como a de Peter Duffy. Planos também surgiram para levar esse episódio da luta contra o hitlerismo à televisão, como um documentário do History Channel, e às telas do cinema. O diretor australiano Phillip Noyce planejava lançar o filme "The Bielski Brothers", com roteiro de Kathleen McLaughlin, ainda em 2006, segundo o site TheMovieInsider. Os partisans judeus protagonizaram também histórias de heroísmo, perseverança e de combate à barbárie nazista em países como França, Bélgica, além de Ucrânia, Polônia e Lituânia. Unidades de resistência surgiram em mais de cem guetos. Estima-se que entre 20 mil e 30 mil judeus atuaram como guerrilheiros na II Guerra Mundial, em unidades exclusivamente judaicas ou em movimentos mais amplos da resistência ao nazismo. E, nesse cenário, a trajetória dos "judeus da floresta" e dos irmãos Bielski ocupa um lugar de especial destaque.

FICHA TÉCNICA DO FILME:

Um Ato de Liberdade

Defiance
USA, 2008, 137 min
Action / Catálogo - Flashstar
» Elenco/Actors
Daniel Craig, Liev Schreiber

Sinopse:

Baseado em uma extraordinária história real, Um Ato de Liberdade é um épico sobre família, honra, vingança e salvação. Durante a II Guerra Mundial. O ano é de 1941 e os judeus do leste europeu estão sendo massacrados aos milhares. Para escapar da morte certa, três irmãos se refugiam numa floresta que conhecem bem desde infância. Ali começa sua desesperada luta contra os nazistas. Daniel Craig, Liev Schreibel e Jamie Bell são irmãos que transformam instintos primitivos de sobrevivência em algo muito mais extraordinário - uma maneira de vingar a morte de seus entes queridos enquanto salvam centenas de pessoas.

quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

CASAR-SE NOVAMENTE... MAS COM A MESMA MULHER!

por Arnaldo Jabor

Meus Amigos separados não cansam de perguntar como consegui ficar casado 30 anos com a mesma mulher.

As mulheres sempre mais maldosas que os homens, não perguntam a minha esposa como ela consegue ficar casada com o mesmo homem, mas como ela consegue ficar casada comigo.

Os jovens é que fazem as perguntas certas, ou seja, querem conhecer o segredo para manter um casamento por tanto tempo.

Ninguém ensina isso nas escolas, pelo contrário.

Não sou um especialista do ramo, como todos sabem, mas dito isso, minha resposta é mais ou menos a que segue:

Hoje em dia o divórcio é inevitável, não dá para escapar. Ninguém agüenta conviver com a mesma pessoa por uma eternidade.

Eu, na realidade já estou em meu terceiro casamento - a única diferença é que casei três vezes com a mesma mulher.

Minha esposa, se não me engano está em seu quinto, porque ela pensou em pegar as malas mais vezes que eu.

O segredo do casamento não é a harmonia eterna.

Depois dos inevitáveis arranca-rabos, a solução é ponderar, se acalmar e partir de novo com a mesma mulher.

O segredo no fundo é renovar o casamento e não procurar um casamento novo.

Isso exige alguns cuidados e preocupações que são esquecidos no dia-a-dia do casal.

De tempos em tempos, é preciso renovar a relação.

De tempos em tempos é preciso voltar a namorar, voltar a cortejar, seduzir e ser seduzido.

Há quanto tempo vocês não saem para dançar?

Há quanto tempo você não tenta conquistá-la ou conquistá-lo como se seu par fosse um pretendente em potencial?

Há quanto tempo não fazem uma lua-de-mel, sem os filhos eternamente brigando para ter a sua irrestrita atenção?

Sem falar dos inúmeros quilos que se acrescentaram a você depois do casamento.

Mulher e marido que se separam perdem 10 kg em um único mês, por que vocês não podem conseguir o mesmo?

Faça de conta que você está de caso novo.

Se fosse um casamento novo, você certamente passaria a freqüentar lugares novos e desconhecidos, mudaria de casa ou apartamento, trocaria seu guarda-roupa, os discos, o corte de cabelo, a maquiagem.

Mas tudo isso pode ser feito sem que você se separe de seu cônjuge.

Vamos ser honestos: ninguém agüenta a mesma mulher ou o mesmo marido por trinta anos com a mesma roupa, o mesmo batom, com os mesmos amigos, com as mesmas piadas.

Muitas vezes não é a sua esposa que está ficando chata e mofada, é você, são seus próprios móveis com a mesma desbotada decoração.

Se você se divorciasse, certamente trocaria tudo, que é justamente um dos prazeres da separação.

Quem se separa se encanta com a nova vida, a nova casa, um novo bairro, um novo circuito de amigos.

Não é preciso um divórcio litigioso para ter tudo isso.

Basta mudar de lugares e interesses e não se deixar acomodar.

Isso obviamente custa caro e muitas uniões se esfacelam porque o casal se recusa a pagar esses pequenos custos necessários para renovar um casamento.

Mas se você se separar sua nova esposa vai querer novos filhos, novos móveis, novas roupas e você ainda terá a pensão dos filhos do casamento anterior.

Não existe essa tal 'estabilidade do casamento' nem ela deveria ser almejada.

O mundo muda, e você também, seu marido, sua esposa, seu bairro e seus amigos.

A melhor estratégia para salvar um casamento não é manter uma 'relação estável', mas saber mudar junto.

Todo cônjuge precisa evoluir estudar, aprimorar-se, interessar-se por coisas que jamais teria pensado em fazer no inicio do casamento.

Você faz isso constantemente no trabalho, porque não fazer na própria família?

É o que seus filhos fazem desde que vieram ao mundo.

Portanto descubra a nova mulher ou o novo homem que vive ao seu lado, em vez de sair por aí tentando descobrir um novo interessante par.

Tenho certeza que seus filhos os respeitarão pela decisão de se manterem juntos e aprenderão a importante lição de como crescer e evoluir unidos apesar das desavenças.

Brigas e arranca-rabos sempre ocorrerão: por isso de vez em quando é necessário casar-se de novo, mas tente fazê-lo sempre com o mesmo par.