No último dia 26 de janeiro, a cidade de Santos, no litoral de São Paulo, completou 465 anos de existência. Embora eu esteja falando da Capital Paulista, onde se encontram os escritórios de nossa organização, tenho um apreço muito grande pela cidade, uma vez que, numa manhã de sexta-feira, do mês de maio, no extinto Hospital dos Estivadores, lá nascia eu.
Eu e ela tivemos um relacionamento de pouco mais de 22 anos, quando então radiquei-me na Capital, sem data definida de retorno.
Nesta semana que se finda hoje, em homenagem à minha terra natal, passei algum tempo a pensar nas coisas maravilhosas que lá vivi.
Lembrei-me da bem vivida infância na praia do Boqueirão, em frente ao posto 5, onde desemboca a Rua Oswaldo Cruz, quando meus pais, eu e meus dois irmãos construíamos nossos sonhos com pás de brinquedo, água do mar e muita areia.
Estudávamos, os três, na Escola Estadual de Primeiro Grau Dr. Ruy Ribeiro Couto, na Rua Voluntários Santistas, onde me recordo sempre das professoras Lucila, Wilma, Rosely, Lourdes, Regina, Maristela e Antonia, que formaram muitos dos meus sustentáculos intelectuais.
De férias, sempre passava com meus avós paternos na Avenida Epitácio Pessoa, atrás da Igreja do Embaré, quando eu e meu finado avô Gilberto fazíamos longas caminhadas até o Orquidário de Santos, no José Menino. Minha avó Carminha ficava em casa preparando o almoço e algumas gulosemas para a tarde. Saudosíssimas recordações!
Com meus amigos de meninice, jogávamos taco na Rua Don Lara, andávamos de bicicleta no Super Centro Comercial do Boqueirão, que é o primeiro shopping da América Latina. Não podemos deixar de apontar a nossa sempre sagrada pelada, que não era só aos finais de semana: às quartas-feiras também jogávamos. No final do jogo sempre íamos tomar uma "Baré" no extinto Bar América, geladassa, servida pelo Cacau.
Não contentes com a praia, ainda tínhamos uma quadra particular, porque um amigo nosso era dono de uma escola na Rua Lobo Viana, que tinha uma quadra privativa para nós aos finais de semana e nas férias.
Nas tradicionais caminhadas na praia não podia faltar o tradicional chá mate do seu Paraná. Ele era um senhorzinho de não sei quantos mil anos que corria em maratonas e, quando não estava correndo, vendia mate gelado para a praia do Canal 3 todinha - mas sem chorinho! Quem é de Santos sabe disso!
Nunca me destaquei muito nos esportes, mas lembro que adorava jogar basquete no parque do Rebouças na Ponta da Praia.
Nunca fui muito de balada, mas, já maiorzinho, costumava frequentar as matineés da Zoom e da Lofty aos domingos.
Com o aparecimento da vida noturna, tínhamos várias opções: a Planet Z e o Moby Dick, na Avenida Vicente de Carvalho, e a Reggae Night, no Morro da Nova Cintra, além de outros pontos de encontro maravilhosos da cidade como os clubes da orla da praia, especificamente no carnaval.
Por falar nos clubes, lamentavelmente o Regatas Santista, o Saldanha, o Vasco da Gama, o Clube XV, o Caiçara e o Atlético Santista foram recentemente extintos, tendo sobrado somente o Internacional de Regatas, o Sírio-Libanês e o imponente Santos Futebol Clube.
E por falar em Santos Futebol Clube, nasci com defeito de fabricação: não sou santista! Mas já fui a mais jogos do alvinegro, do que do meu glorioso São Paulo FC. Aliás, nos dois jogos que fui do SPFC um deles foi contra o Santos, a diferença é que foi no Morumbi...terrível!
Na cidade também fiz meu primeiro curso universitário: Direito, na Universidade Santa Cecília, 1ª Turma.
Foi nos bancos desta universidade que conheci meu grande amigo e irmão Marcel Stivaletti. Posso dizer que não existe outro santista como ele. Nem eu sou tanto! Esse é de corpo e alma. Esse é bravo guerreiro soldado da armada santista. Esse daria o sangue pela sua patriazinha. Para falar mal de Santos, e por que não "do Santos", com ele é um grande embaraço. O interlocutor tem que ter bastante embasamento, senão enfrenta chumbo grosso, sem perder a elegância, é claro! Assim, não podia falar de Santos, sem falar daquele que detém a chave moral desta magnifica cidade. Parabéns a você também Marcel!
Além da desnecessária referência à importância histórica da cidade, hoje Santos vem despontando no cenário nacional, pela maior importância do porto para a economia do país, além do estreitamento de sua distância com a Capital por meio da Rodovia dos Imigrantes, que vem injetando muitos recursos na economia local, ao ponto de ser considerada pela Revista Veja como a Manhattan Brasileira.
Quantas e quantas lembranças tenho da minha terrinha querida! Quanto orgulho tenho eu de ter nascido nos seus domínios. Ela ainda preserva a placidez de uma cidadezinha caiçara, mas tem a bagagem e a pujança de uma verdadeira Capital.
Parabéns Santos! A ti devo a base de tudo quanto sou!
Rodrigo Barros
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